E então…tudo se resume a isto: gostaria de ter a força para desistir. Deixar-me ir nesse carrossel e soltar as mãos na descida gritando a plenos pulmões! Orgulhosamente presa às minhas ideias é-me impossível fazê-lo. Até nas entrelinhas do que escrevo existem mentiras. Até nas entrelinhas do que cogito existem falhas. Até nos espaços do que digo existem abismos onde, ao fundo, está tudo aquilo que sinto.
E aí, on the edge, estou eu, a olhar para baixo com um olhar incrédulo a questionar tudo aquilo que tenho em mim.
Estou neste roller coaster desde sempre…mas a seguir a uma descida abrupta surge sempre uma subida fantástica em que, primeiro, o céu se abre num azul maravilhoso até me encontrar no que julgo ser o ponto mais alto jamais alcançado até ao momento da minha existência…Às vezes penso que seria bom nivelar as coisas. Outras vezes penso que adoro esta montanha russa e seria incapaz de sair desta diversão para entrar noutra mais monótona.
(…)
Levito. Olho para cima e vejo que estou agarrada a um balão. Um vulgar balão de feira. E levito harmoniosamente por entre as nuvens de um céu espantosamente azul e fresco. Tudo é lindo visto daqui. Avisto-te e pareces assustado. Compreendo o teu olhar: tens medo que eu largue o balão que seguro de ânimo leve. Tens razão: seria tão fácil largá-lo sem pensar nas consequências…largá-lo e finalmente encontrar as respostas para as minhas dúvidas. Soltá-lo e esquecer tudo o que está aí em baixo. Seria deliciosamente fácil desmaiar para uma outra existência. Onde as barreiras do positivo e negativo se esbatessem e tudo fosse inexplicavelmente neutro. O neutro pode ser tão bom às vezes…
As coisas são o que são. Preto no branco! - grita uma parte de mim! Mas a minha metade mais translúcida diz que não…que existem tons pastel e ópticas mais desfocadas para ver a mesma realidade. E nunca, nunca sei por qual destas lentes olhar, sentir…viver!