domingo, 27 de maio de 2007

Ida à feira


E então…tudo se resume a isto: gostaria de ter a força para desistir. Deixar-me ir nesse carrossel e soltar as mãos na descida gritando a plenos pulmões! Orgulhosamente presa às minhas ideias é-me impossível fazê-lo. Até nas entrelinhas do que escrevo existem mentiras. Até nas entrelinhas do que cogito existem falhas. Até nos espaços do que digo existem abismos onde, ao fundo, está tudo aquilo que sinto.
E aí, on the edge, estou eu, a olhar para baixo com um olhar incrédulo a questionar tudo aquilo que tenho em mim.
Estou neste roller coaster desde sempre…mas a seguir a uma descida abrupta surge sempre uma subida fantástica em que, primeiro, o céu se abre num azul maravilhoso até me encontrar no que julgo ser o ponto mais alto jamais alcançado até ao momento da minha existência…Às vezes penso que seria bom nivelar as coisas. Outras vezes penso que adoro esta montanha russa e seria incapaz de sair desta diversão para entrar noutra mais monótona.

(…)



Levito. Olho para cima e vejo que estou agarrada a um balão. Um vulgar balão de feira. E levito harmoniosamente por entre as nuvens de um céu espantosamente azul e fresco. Tudo é lindo visto daqui. Avisto-te e pareces assustado. Compreendo o teu olhar: tens medo que eu largue o balão que seguro de ânimo leve. Tens razão: seria tão fácil largá-lo sem pensar nas consequências…largá-lo e finalmente encontrar as respostas para as minhas dúvidas. Soltá-lo e esquecer tudo o que está aí em baixo. Seria deliciosamente fácil desmaiar para uma outra existência. Onde as barreiras do positivo e negativo se esbatessem e tudo fosse inexplicavelmente neutro. O neutro pode ser tão bom às vezes…

As coisas são o que são. Preto no branco! - grita uma parte de mim! Mas a minha metade mais translúcida diz que não…que existem tons pastel e ópticas mais desfocadas para ver a mesma realidade. E nunca, nunca sei por qual destas lentes olhar, sentir…viver!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Conquistas...

Um amigo meu dizia-me há alguns anos atrás, entre alarvidades várias e duas imperiais, que já não tinha idade para andar “atrás de rapariga nenhuma”. Elas que viessem ter com ele para um primeiro approach, que depois seria apenas ‘escolher’ entre as várias opções que se lhe deparassem…Naquela altura não compreendi muito bem aquela postura. Quem raio se limita a escolher entre as opções que vêm ‘bater à porta’?! Então o leque de opções não se alarga até perto do infinito quando colocamos lá também todos quantos consideramos atraentes/ desejáveis/ interessantes/ engraçados/ inteligentes/ etc e tal??? Lutarmos pelo que queremos de facto, não é tão bonito? De repente sentimo-nos donos de uma força considerável. O poder para ganhar pequenas batalhas…o poder da Conquista, no sentido literal do termo! E cada pequena batalha ganha sabe-nos quase tão bem como pedalar uma tarde inteira, melhor do que uma noite mal aproveitada em frente ao computador, melhor do que qualquer coisa pela qual, de facto, não valha a pena desperdiçar o nosso (precioso?) tempo…
Como é bom o prazer de lutar por algo que se quer e regozijarmo-nos com o fruto da nossa perseverança! Even if it lasts just a bit…Não é?!

- Pergunto-me em que momento exacto abandonei esta forma de pensar tão pro-activa.

Desisti por ora, de colocar tabuletas a indicar a direcção do meu caminho…agora limito-me a ver as tabuletas mais ou menos apelativas que os outros colocam nos seus trilhos de acesso. A um terço dos trilhos pelos quais decido ir dar uma olhadela desisto de prosseguir. Dou-me conta de que me estou a afastar da minha main road, que a cada dia está mais repleta de tudo aquilo que me traz segurança e conforto…Eu dito regras, códigos e leis! Eu quero, posso e mando! Eu faço o que quero, com quem quero, quando quero, onde quero. Eu não dou satisfações a ninguém! Eu sou proprietária, majestade, tudo o que eu quiser às horas que me apetecer! Tudo à minha maneira! Tudo meu! Eu mando e tenho sempre razão! Eu pedalo e escrevo! Escrevo e pedalo! Eu penso demasiado! Eu! Eu! Eu!
Uff…(cansa não cansa?)

E o que fazer a todas as emoções que faltam viver, que estão por sentir bem no centro do peito? Todas essas são as que importam verdadeiramente porque são as que vibram com mais intensidade neste momento. Sempre o futuro e passado a ecoarem em vibrações contínuas na minha mente…passado e futuro over and over again. O aqui e agora nem chega a um micro-segundo. O que fazer com o resto do meu tempo? Desperdiçá-lo parece, ainda, ser a melhor opção nos dias que correm. Para quê tornar o tempo proveitoso se podemos gastá-lo como nos der na real gana?! Minutos, segundos, horas, anos…pouco importa que nome damos a essas fracções ridículas de partículas temporais. O que importa mesmo é o que fazemos com elas!
Sentimentos baços e respostas inconclusivas são tudo aquilo que não quero.
Quero claridade, pureza. Ideias concretizáveis. Genuinidade e Honestidade se fazem favor. Em doses bem servidas, que estou a pagar as quotas há 29 anos, e bem!

Porque raio continuamos a dar tanta importância às palavras?!
Que merda…sempre este mar revolto da incerteza.
Bah!Que se fodam os mares calmos...gosto de tempestades!
...e quero tudo excepto a normalidade aparente das coisas.