segunda-feira, 11 de junho de 2007

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Sou cada palavra
Cada gesto
Cada “não olhar”
Cada lágrima perdida
Cada néscia piada
Cada pedalada
Cada postura
Cada teimosia
Cada contrariedade
Cada incoerência
Inconsistência.
Riso
Cansaço
Noite mal dormida
Oito horas de sono.
Sou cada hiato
Toda a merda que escrevo.
O lago
Mas também o nenúfar
E porque não a rã?!
Cada célula minha pertence a qualquer ser que não eu.
E tenho uma célula de cada criatura no bolso!
Sou cada ausência
O nada prolongado ao mais infinito
O infinitamente nulo
O desejo de ser tudo e todos
De estar e acontecer
Ser e estar!
O vento incómodo
Inconveniente
Brusco.
A corrente
O salto
As garras que não me tocaram!
A desova do salmão, precisamente ali…onde nem devia existir rio.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Flores...

Que o amor estupidifica já todos nós sabemos. Mas será necessário que nos tolde tanto os sentidos? Que fiquemos quase incapacitados de racionalizar? Ou que, por outro lado, e em determinadas circunstâncias, racionalizemos demasiado?
Olhar para as nossas próprias vísceras, ter sonhos húmidos e concretizá-los!
Ou nascer sem sexo e viver apenas de conceitos como o amor, a amizade? Chorar as mágoas de passados longínquos dia após dia e viver de joelhos, rezando por uma vida repleta de amor…saúde…paz? Viver assim, numa expectativa de um futuro melhor, perdidos num mar odioso de passado salgado, para quê?
De joelhos em sangue…ou a cuspir sal. É como anda meio mundo!

Paisagens áridas. Desertos da Namíbia. Se encontramos uma pequena flor amarela aqui, escondida atrás de um calhau qualquer, ficamos a admirá-la durante minutos que nos parecem horas, enlevados pela sua beleza, vivacidade e até pelo seu sentido de oportunidade!
Bastar-nos a existência dessa flor. Bastarmo-nos assim todos.
Ser o vazio estéril para sempre ou a flor prodígio durante alguns instantes aos olhos de um, apenas UM ser vivo!
Qual escolhes ser?