quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Chuva


Passei por ti quase a correr. Minto: estava a correr.
Por cima da minha cabeça o jornal triste, molhado, fruto da intempérie...Eu em passadas largas que se transformaram num saltarinhar pelas poças remanescentes da madrugada. Apressada ou não...lá ia eu. Debaixo do braço "la baguette" ainda quente a aquecer-me o braço e o peito... e arrepia-me um pouco este contraste. É frio este começo de dia.

Passei por ti alegre ainda assim, com um sorriso nos lábios, e cabelos molhados, feliz desta chuva purificante que cai...alheia aos ecos de uma cidade já inquieta.
Passei por ti e abrandei o passo logo em seguida. Um carro que passa...
Atravesso a rua...Observas-me desde que nos cruzámos mas




(...)

Não te vi.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Árvore


É fantástica a capacidade que certas pessoas têm de nos pôr a sonhar.

Deitamo-nos tranquilamente sobre os nossos lençóis macios...primeiro os ombros tocam no colchão suave, e logo em seguida o lóbulo encosta na almofada suave. Toda a nossa cabeça repousa delicada na almofada fofa, de mil e uma penas...
Como é bom repousar assim tão levemente, como uma folha flutua num qualquer quadro de Renoir, ao som da mãe Natureza. Por muito que nos esforcermos nunca teremos a sua graça!
No entanto pequenos seres de luz aparecem à nossa volta e ficamos deslumbrados,agradecidos por estas pequenas dádivas, por ínfimas que sejam. E tudo é claro e nítido quando estão presentes. E o clarão fica por muito tempo depois de terem partido.
Fica em nós sempre presente a realidade do que nos circundou, congelada no tempo
Pois essa realidade ainda existe, presa num lugar qualquer do passado.Mas existe ainda!
Existirá sempre, paralela à realidade do Agora.

E ainda...agora...pequenos seres iluminados surgem, para não TE esqueceres que o passado se repetirá sempre ao longo da vida, mesmo que tudo o que te rodeia tenha alterado.






(A árvore continuará a perder folhas de Outono)