quarta-feira, 17 de maio de 2017

Jogos à parte




Nunca gostei que as palavras me ficassem presas ao peito, nem à garganta sequer. Durante muito tempo pensei na vida como um jogo.
Um jogo onde sempre gostei de jogar pelas regras.
Paro por breves instantes e observo. Estou no jogo, mas em modo-pausa, numa bolha que me permite verificar que muitos não jogam como eu. Para eles não existem regras, e se as há são apenas para serem contornadas…omitidas, como se delas não se tivesse conhecimento.
É difícil não perder a fé no ser humano. Mas não é impossível!
Penso em como seria nobre um pedido de desculpas, honesto e sentido, ou uma simples explicação! Mas entrei num jogo onde claramente não tenho vantagem competitiva, e até sem saber que para a grande maioria dos jogadores a regra é precisamente não haver regras!
Finalmente uma bola atravessa a minha redoma e desperta-me do transe.
Resolvo-me ali, em segundos. Aquela não é a minha arte, nem o meu jogo, mas continuo em crer que algures existe um onde eu possa aventurar-me e no qual todos saibamos que a maior disciplina de todas é evitar que alguém abandone o jogo lesionado.
Por vezes as palavras, e as emoções, ficam mesmo atracadas ao peito, como lapas, com uma força desmedida, presas à vida, porque no peito afinal, reside a sua âncora. Sabem que ao serem de lá arrancadas, perdem a sua vitalidade e acabarão por definhar e sucumbir, vítimas do irremediável poder do tempo.


16.05.2017




segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O milagre da vida não está apenas associado ao nascimento de um ser. Está também em cada renascimento.


"Tenho andado nostálgico novamente, aquela velha sensação confortável de...aconchego. Os meus sonhos são vívidos, muito reais, com cores e cheiros. Tudo acontece de facto, e eu estou lá.

Pergunto-me se chegaste de facto a conhecer-me, pois tudo foi insuficiente, condensado e fulminante. Desculpa não me ter entregue como a vida o pediu. Não tenho a certeza de ter dado o meu melhor. Ou antes tenho uma certeza: o meu melhor, naquele momento específico, foi insuficiente para os teus parâmetros. Minha Vida reluzente: Merecias ter sido mais estimada! Mais amada. Mais entendida na tua complexidade infinita, prolongada até à perfeição do simétrico. Aí nesse simetrismo, eu ter-te-ia compreendido. E tu, por o saber, ter-me-ias perdoado qualquer falha.
Mas o timing não foi o melhor para essa tarefa. Nesse tempo, eu andava, como de resto ando sempre, preocupado comigo mesmo, "com os meus botões",como se costuma dizer. A minha vida é complicada.
A tentativa que fiz para me aproximar de ti foi algo...forçada. Um esforço muito ténue, mas ainda assim, um esforço. Um esforço nunca deixa de o ser, por ténue que seja não é?!
Pensei mesmo: ora aqui está uma rapariga que "sim senhor"! Mas nunca consegui que entendesses isso mesmo: que "sim senhor": és uma rapariga às direitas". E que eu te considero.
Dou por mim a pensar que já é tarde.
O tempo passou.

"Tem medo.
Magoei-a."

Puf!
Será?
Será mesmo sempre assim?
Será que não vale a pena, às vezes, tentar novamente?
Colocar o orgulho de parte?
Despirmo-nos dos medos de errar e da rejeição, sem que isso seja considerado uma afronta pessoal?
Ou seja, despirmo-nos de receios, preservando ainda assim, o nosso amor-próprio?

Pensando bem, afinal...quem tem medo sou eu..."


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Livre

A palavra é uma forma de libertação. É a chave das algemas que nos acorrentam a sentimentos e emoções (de todo o tipo). Através dela há um desapego emocional, uma certa liberdade que nos tinha escapado, e que se reconquista. Como aquela que conhecemos antes de termos consciência de nós próprios.  Como se ao escrever o sentimento deixasse de existir em nós, para existir (e se misturar) no ar. Mesmo que esse acontecimento seja breve e fantástico, a verdade é que perdura no tempo. Conseguimos sentir a que sabe o momento em que as chaves nos libertam. Mudamos. Nós e as ilustrações do nosso livro (da vida). Mais leves e Livres, abandonamo-nos ao Presente. O Futuro trará novas emoções, é certo. Mas para quê pensar nisso agora?!
A Palavra É Liberdade.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Não me interrompam enquanto cresço!

" Gosto de interiores de pessoas" - disse ele
E sim..as entranhas dela estavam todas de fora, força das circunstâncias. Aparentemente tinha sido avisada, sem se dar conta disso..!


" Lamento se te induzi em erro... "- já fora de tempo...
Isso nada ajudou... O corte estava aberto e as suas vísceras começavam lentamente a surgir por entre a pele...


" Talvez ainda procures justificações para o que aconteceu..."
Sim. Ela perguntou-se muitas vezes, demasiadas vezes, em que ponto devia ter parado. Em que ponto da história devia ter percebido quais as suas verdadeiras intenções. Em que ponto devia ter dado um passo atrás, ao invés de saltar de pés juntos, para a frente.
Isso de nada ajudou. Apenas a deixou mais inquieta. "não adianta chorar sobre o leite derramado", pensou. 

(...)

A tarefa de encontrar lados positivos em acontecimentos menos bons é árdua. Podemos fazer um esforço para ver o que de bom poderá advir. Mas para sentir na pele e no corpo os resultados é preciso tempo. É preciso embrenharmos nas trevas da mágoa, na escuridão do luto. Só depois podemos renascer.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Impressionismo. Ou não...

Dadas as pinceladas certas, o passado transforma-se numa obra impressionista.
O sentimento...nem tanto. É mais uma obra realista (e bem presente), com todas as suas implicações.
Afinal de contas, EU sou uma pessoa comum...

sábado, 11 de maio de 2013

Eu?!

Um dia perguntaste:
- “Quem é a Maria?”
E não soube responder. A Maria tem pouco jeito com as palavras. Ou com a gestão de pensamentos que lhe atravessam a mente em horas de ponta. E as horas de ponta são precisamente quando lhe fazem perguntas deste tipo.
Quem é a Maria?
Todas as vias, estradas, caminhos seguem em sentidos opostos. Todos os trilhos e ruas se enchem de repente. O tráfego é caótico. Milhares de pensamentos e ideias buzinam e entopem todas as estradas e auto-estradas da mente. Todos têm pressa e querem ser notados no meio da confusão.
A Maria são muitos 8 e 80. São abismos de verdades que não querem vir ao de cima e de mentiras que teimam em boiar à superfície do eu.
Quem é a Maria?!
Demoro-me a responder. De facto, nem o chego a fazer objectivamente. Limito-me a olhar de soslaio para o caos que se gerou na minha mente. Wow!

Penso: “mais tarde alinhavo uma resposta”. Algo mais concreto do que um simples:
- “Isso é algo que terás de descobrir”, resposta óbvia de quem carrega uma pesada máscara chamada felicidade em cima…


20.08.2005