Nunca gostei que as palavras me ficassem presas ao peito, nem à
garganta sequer. Durante muito tempo pensei na vida como um jogo.
Um jogo onde sempre gostei de jogar pelas regras.
Paro por breves instantes e
observo. Estou no jogo, mas em modo-pausa, numa bolha que me permite verificar
que muitos não jogam como eu. Para eles não existem regras, e se as há são apenas
para serem contornadas…omitidas, como se delas não se tivesse conhecimento.
É difícil não perder a fé no ser
humano. Mas não é impossível!
Penso em como seria nobre um
pedido de desculpas, honesto e sentido, ou uma simples explicação! Mas entrei
num jogo onde claramente não tenho vantagem competitiva, e até sem saber que
para a grande maioria dos jogadores a regra é precisamente não haver regras!
Finalmente uma bola atravessa a
minha redoma e desperta-me do transe.
Resolvo-me ali, em segundos. Aquela
não é a minha arte, nem o meu jogo, mas continuo em crer que algures existe um
onde eu possa aventurar-me e no qual todos saibamos que a maior disciplina de
todas é evitar que alguém abandone o jogo lesionado.
Por vezes as palavras, e as
emoções, ficam mesmo atracadas ao peito, como lapas, com uma força desmedida,
presas à vida, porque no peito afinal, reside a sua âncora. Sabem que ao serem
de lá arrancadas, perdem a sua vitalidade e acabarão por definhar e sucumbir,
vítimas do irremediável poder do tempo.
16.05.2017